quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reunião Aberta do GPAF - Jan 2011


Ocorrerá nesta 3ªf, dia 01/fev/2010, às 15h00 a 1ª reunião aberta do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (GPAF) de 2011, no CEDOC/UnB, com a seguinte programação:
  1. GPAF: propostas e perspectivas;
    Profa. Dra. Darcilene Sena Rezende (FCI/UnB).

  2. O Centro de Documentação (CEDOC) da UnB: perspectivas;
    Tânia Maria de Moura Pereira (Diretora CEDOC/UnB).

  3. Não só de conteúdo vive o documento;
    Pedro Davi Carvalho (Aluno de Arquivolgia/UnB).

  4. Projeto "Survival Kit" do Photographic & Audiovisual Archives Group - Conselho Internacional de Arquivos (PAAG/ICA);
    Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez (FCI/UnB).

  5. GPAF-CEDOC: possibilidades de interação;
    Niraldo José do Nascimento (doutorando do PPGCINF/UnB).

  6. Lanche de confraternização e doação de livro "Archivos fotográficos" de Antonia Salvador para o CEDOC.

  7. Definição da nova logomarca do GPAF (ver post aqui)

O evento é gratuito e aberto a tod@s @s interessad@s:

APAREÇA & COMPAREÇA!


Maiores informações: (061) 3107-5863 / 3107-5862 ou apalopez@gmail.com


************

Sobre as reuniões do GPAF
O GPAF tem procurado realizar esse tipo de reunião a cada 3 semanas, para que, com eventuais problemas de agenda, o grupo não fique sem se falar por mais de 45 dias. Desde de sua criação, essa é a terceira reunião aberta do grupo. Geralmente um dos membros (aluno ou não), ou um convidado, fica encarregado de apresentar um tópico principal para reflexão. Pode ser a análise de um texto, de um problema, uma discussão do próprio projeto etc. Nesta ocasião o "responsável" será o lider, buscando refletir sobre uma possível parceria com o CEDOC projeto "Survival kit" do PAAG-CIA. O objetivo principal é tentar integrar a proposta do grupo com as atividades do CEDOC, que, por estar em reestruturação, apresenta-se em um momento privilegiado para ampliar as possibilidades de trabalho empírico, embasando novas discussões teóricas. 

Para se manter informado
Registre seu e-mail no campo apropriado (coluna da esquerda) para receber automaticamente notícias de atualizações deste blog. Se você também gostaria de receber notícias sobre as reuniões menores (e mais informais) do grupo, envie uma mensagem para apalopez@gmail.com para ser adicionado à nossa mailing list.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Não só de conteúdo vive o documento


Durante algumas leituras acerca do tratamento arquivístico de documentos imagéticos, alguns autores - seria prolixo (leia chato) numerar – sugerem uma tendência de que a organização de documentos imagéticos, principalmente fotografias, se dêem a partir da compreensão de seu conteúdo. Havendo para subsídio dessa atividade, manuais bastante detalhados para dizer o que está se vendo nas imagens.

Sem cair no mérito de quão viável e importante seria essa atividade – não defende-se aqui que deve ser descartada – mas questiona-se: “A descrição de conteúdo deve ser o norte para qual aponta a organização e a base do tratamento arquivístico dos documentos imagéticos?”

Em uma tentativa, ainda não definitiva, de responder (debater) a questão, devemos primeiro ter em mente quais documentos imagéticos são documentos imagéticos de arquivo. De acordo com Maria de Lourdes Silva “(...) o que realmente vai definir se o documento fotográfico ou imagético deve ser considerado ‘documento de arquivo’ é a sua relação orgânica com o seu produtor institucional” (2005, p.4).

Será que se suprimirmos desta citação as palavras em negrito ela deixa de estar certa? Estranho!!! Continua parecendo correta, o que implica que que o mesmo tratamento, em relação a organicidade, deve ser dado aos documentos convencionais e imagéticos.

Sem querer exagerar no uso da retórica, pergunta-se também: que instrumento permite visualizar as relações orgânicas dos documentos? Defende-se aqui que tal instrumento seja o Plano de Classificação, que ao ser aplicado, cria-se séries ordenadas de documentos que representam, em sua ordem atribuída, a importância das funções neles intrínseca de acordo com o seu produtor. Para a partir de então, outras atividades, intervenções e funções arquivísticas ganharem eficácia, como afirma Sousa: "Entendemos, entretanto, que a função classificação é matricial, isto é, a partir dela que as outras funções/intervenções ganham corpo, consolidam-se, configuram-se. [...] É a função/intervenção que dá sentido e que preserva o caráter orgânico do conjunto, espinha dorsal de todo o conhecimento arquivístico" (2003, p.241).

Todavia, ao que parece, esta lógica aqui exposta não tem baseado as atividades de gestão e tratamento arquivístico de documentos imagéticos, sendo esta a hipótese a ser diagnosticada, limitando-se a realidade do Arquivo Público do DF, nos fundos que usaram o Plano de Classificação do Conarq (Resolução nº 14 de 2001) para a representação das “relações orgânicas com o seu produtor”.

Quem saiba não precisamos, enquanto arquivistas, nos sentir como pessoas com transtorno de personalidade fazendo teste de Rorschach¹: “O que você vê nessa imagem?”

Será que é matemático?


__________________
¹Famoso teste psiquiátrico que consiste na interpretação do que o paciente afirma ver em 10 imagens abstratas monocromáticas simétricas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A logomarca do GPAF vai mudar - qual é a sua opinião?


O apelo onomatopaico das iniciais do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos, somado à pressa de finalizar um material para um evento acabou por impulsionar um modelo de logomarca inspirados nos quadrinhos e em antigas séries de TV. A primeira versão foi feita em 25/11/2010 e teve circulação restrita, difundida basicamente para os integrantes do Digifoto e alguns outros pesquisadores:
Logo piloto do GPAF (25 a 29 nov.2010)

A tônica geral das observações feitas eram de dois tipos. 1) A utilização de tons de cinza cria muitas dificuldades técnicas para a impressão, cópia, divulgação etc. 2) A associação à histórias em quadrinho spoderia angariar preconceitos relativos à seriedade do grupo, mas que, porém, tem a vantagem de ser chamativa  e facilmente identificável (qualidades essenciais em uma logo). Todas as pessoas que apontaram o risco de má-interpretação afirmaram, no entanto, que isso era um falso problema, posto que não se sentiam deconfortáveis pelo fato da logo do grupo ao qual - direta ou indiretamente - têm algum tipo de vinculação poder ser relacionada a representações gráficas não tão "eruditas".

Quatro dias depois, em 29/11/2010, com a finalização dos banners para o WICI 2010, com as poucas respostas recebidas, foi feita uma nova versão apenas em branco e preto (o cinza visível em tamanhos reduzidos é resultante de pontilhado em preto):
Logo atual do GPAF, vigente desde 29 nov 2010

Alguns banners do grupos de pesquisa incorporaram a nova logo. Outros não tiveram tempo hábil e imprimiram a versão de teste. Na atualização do Diretório dos Grupos de pesquisa do CNPq, em 15/12/2010. A nova logo foi institucionalizada com remissão à página do grupo neste blog. 

Desde a versão piloto até hoje muitas outras observações foram chegando. A mais inquietante refere-se à questão da falta de associação da logomarca com o foco, ou um objeto, do grupo. A idéia de que o pano de fundo, delimitado pela moldura branca seria uma fotografia não é percebida, nem mesmo após a explicitação de tal ideia e nem mesmo após a indicação de que a fonte utilizada no rodapé busca fazer associação com antigos álbuns fotográficos. Após ouvir muitas sugestões chegou-se a algumas possibilidades, que incorporam uma associação mais direta com o foco do grupo, sem perder a identidade visual com as duas experiências anteriores.

O DigifotoWeb apresenta agora 4 propostas à consulta pública, estando aberto à comentários, sugestões, críticas, novas propostas etc. Se necessário clique nas imagens para ampliá-las.

Proposta 1: tira de negativos                             Proposta 2: duas tiras de negativos


Proposta 3: foto em álbum                                     Proposta 4: câmara fotográfica

As melhores respostas (sejam aceitas ou não) estarão sujeitas a ganhar um exemplar do livro de Antonia Salvador Benitez (ver post aqui) sobre arquivos fotográficos. Para tanto não deixe de postar seu comment aqui,

domingo, 9 de janeiro de 2011

Espaços de imagens

Excertos de beijos cortados na trama de Cinema Paridiso

Alguém consegue imaginar o que seria, nos dias de hoje ficar sem acesso à Internet, sem poder buscar imagens ali? Tudo bem, há ainda opções nos arquivos da HD do computador doméstico, no pendrive, no celular etc. Antes da portabilização e da subsequente virtualização das imagens a experiência da fruição visual (e audiovisual) sempre se dava nos locais públicos: galerias de arte, museus e cinemas, além de exposições públicas, audições, apresentações etc. Outra diferença é que, necessariamente, as pessoas tinham que se deslocarem para tal experiência. Com o advento da televisão a necessidade de deslocamento e a coletivização da experiência foram reduzidas. Porém a TV, superando o pessimismo da época de sua popularização, não matou nem o teatro e nem o cinema. Porque? Porque referem-se a experimentações e  a necessidades distintas. 

Hoje muitas pessoas conseguem ver a "Monalisa" sem sair de casa. Dizem que o que se vê no Louvre (quando se vê devido à fila) é apenas uma reprodução e que alguns estudiosos da obra tem feito descobertas muito interessantes através de observação remota, de cópias digitalizadas (ver notícia aqui). Nem por isso o Louvre vai deixar de ser o museu mais visitado do mundo. Alguém consegue imaginar, em sã consciência,   que o Louvre, por economia, ou por melhor aproveitamento de espaço imobiliário, poderia algum dia deixar de ser um (ou melhor, "o") museu? Tecnicamente a coisa não seria complicada. Bastaria transferir todo o acervo para um galpão novo (com condições técnicas de preservação modernas e ideais) em uma área menos valorizada nos subúrbios de Paris ou mesmo no interior da França e disponiblizar o acesso a todo o acervo virtualmente. Já imaginaram quanto não valeria, só o seu terreno em Paris, para a construção de apartamentos de luxo? Ou, quem sabe, arrendar o edifício para um super shopping center, com cinemas e terminais para acesso virtual ao "novo" Louvre?

Picasso antes de morrer exigiu em seu testamento que seu quadro mais importante, "Guernica", só pudesse retornar à Espanha depois da morte do general franscisco franco [minúsculas intencioinais]. Sua obra já era reproduzida pelos quatro cantos do planeta desde antes da revolução tecnológica da informática. Cópias dela estão, em diferentes tamanhos formatos e tamanhos; pôsteres, painéis, camisetas etc. Mesmo assim a experiência de poder vê-la, frente a frente, no museu Reina Sofia, em Madrid, é extasiante. O "Grito do Ipiranga", de Pedro Américo está exaustivamente reproduzido em pelo menos 90% dos livros didáticos que tratam do episódio. Mesmo assim, todos os anos, milhares de alunos das escolas públicas de São Paulo vão ao Museu do Ipiranga para, in loco, fruir a obra de arte. O dia mais concorrido? Obviamente, 7 de setembro.

Do mesmo modo que o absurdo pesadelo pensado para o Louvre jamais se concretizaria, não dá para crer verossímil a desocupação do edifício do Reina Sofia, sob um possível pretexto de que já existem milhares de cópias de "Guernica" espalhadas por aí. Tampouco poder-se-ia imaginar a ocupação do prédio do Museu do Ipiranga para qualquer outra finalidade. Quem sabe poderia ser usado como uma escola, conforme era seu projeto original, ou como sede da Prefeitura de São Paulo, que passaria a ter um edifício mais imponente do que o Palácio dos Bandeirantes. Justificativas não faltariam, como, por exemplo, o fato de a obra de Pedro Américo já ter sido demasiadamente utilizada pelos livros didáticos e excessivamente difundida na época da Ditadura (até no filme com o Tarcísio Meira). Afinal, quem se dispõe a reescrever Monteiro Lobato, porque ele seria racista (ou contra as cotas raciais nas universidades?) pode muito bem esvaziar o peso e a importância de um Pedro Américo ou pensar em especulação imobiliária com o edifício do Museu Paulista.

Se as três situações acima parecem absurdas é porque nossa cultura e nossa sociedade valoriza não apenas as obras de fruição cultural, como também o espaço de tais obras. Edifícios famosos do mundo todo, mesmo sem espetáculo algum são sempre visitados. Tanto o Carnegie Hall nos USA, como o Teatro Colón na Argentina não são primores arquitetônicos e nem sempre têm grandes obras em cartaz, mesmo assim são visitados e constituem parte da memória urbana, não pela atuação que têm hoje, mas pelo o que representaram desde o passado. O Coliseum deveria ter um tratamento similar ao que se dá hoje para o Museu do Appartheid ou para o campo de Auschwitz: local de dor sofrimento e matança. Mesmo assim é parte fundamental do patrimônio histórico e cultural de toda a civilização romano-cristã.

A história do cinema de arte no Brasil, começou em São Paulo no Cine Belas Artes. O edifício chegou a abrigar, no auge, seis salas de exibição e foi o responsável pelo lançamento da maioria dos grande filmes não-holywoodianos no Brasil até a década de 1980. Pegou fogo, passou por reformas e continuou. O Cine Belas Artes tem para a história da divulgação do cinema de arte no Brasil (guardadas as devidas proporções) a mesma envergadura que, para as belas artes, um Louvre; para o acervo de Picasso, um Reina Sofia; ou, para a história do Brasil, um Museu do Ipiranga. Infelizmente, a situação atual do cinema faz com que as hipóteses aventadas para a eliminação dos três museus estejam longe de serem despropositadas. Após 68 anos, devido a questões de cunho imobiliário, o cinema deverá fechar suas portas até o final de janeiro de 2011. 

Assim como esse blog, muito cineastas e personalidades estão se mobilizando. 

Existe, entre outras coisas, um abaixo assinado. Quem tiver interesse pode acessá-lo aqui. Ainda dá tempo. Quem sabe podemos utilizar o poder das ferramentas virtuais a nosso favor. Obama conseguiu. Assine aqui!


Acesse aqui o blog "oficial" do movimento pela manutenção do desse cinema: "Eu quero Cine Belas Artes aqui!"

Acesse aqui coluna de Carlos Reicheinbach, cineasta, pedindo tombamento do Cine Belas Artes.

Para conhecer um pouco mais sobre a história do cinema de arte em São Paulo, baixe aqui publicação sobre seu criador.

Acesse aqui programa de 2003 em homenagem ao cinema de arte de São Paulo. Por ele é possível ter uma idéia da magnitude dos filmes exibidos no Belas Artes.

Baixe aqui cartaz de divulgação daquele ciclo.

Não esqueça de continuar essa corrente.