quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fotografia ou documento fotográfico?


O termo fotografia está ligado, sobretudo, a uma técnica de sensibilização foto-química. Assim, um registro fotográfico não é, a priori, do gênero imagético (ou visual), existindo casos de reproduções fotográficas de textos, como o microfilme. A conceituação da fotografia enquanto técnica a desqualificaria tanto como espécie, quanto como suporte (papel fotográfico, diacetato, negativo de vidro etc.).

A espécie documental é considerada como a “configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística, 1996). Por falta de uma denominação melhor, podemos considerar documento fotográfico, definido pela utilização da técnica fotográfica associada ao gênero imagético, como uma espécie documental. A definição de tal espécie pressupõe que a imagem fotográfica seja a única informação presente no documento. Assim, os cartões postais, por exemplo, constituirão uma outra espécie, a despeito de, geralmente, trazerem uma imagem fotográfica impressa na frente.

A forma corresponde ao “estágio de preparação e transmissão de documentos” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística,1996). As várias fases da espécie documento fotográfico correspondem a etapas distintas da mesma informação ao longo do trâmite, definindo, portanto, formas. Assim, tendo como referência os documentos finais — aptos a produzir conseqüências —, pode-se identificar, preliminarmente, no documento fotográfico, as seguintes formas:
  • Positivo final: é, por excelência, o documento final; pode ser obtido tanto pela captação direta da luz emitida pela cena real (daguerreótipo, polaroid, diapositivos) como por intermédio de um negativo ou de recursos digitais.
  • Negativo fotográfico: intermediário entre a cena e a imagem final, possibilita tanto uma escolha dos materiais a serem transformados em positivos, como utilizações posteriores e múltiplas da mesma imagem em documentos distintos. Deixa de existir na fotografia digital.
  • Positivo instrumental de contato: produzido a partir de negativos de pequeno formato, apenas para permitir uma visualização mais precisa da imagem. Costuma ser feito tanto por instituições de guarda de acervos fotográficos — destinados à escolha dos positivos ampliados a serem consultados (os documentos finais) —, como por fotógrafos e agências de notícias — para a seleção das imagens a serem reproduzidas, as quais se tornarão documentos finais. É substituído por visualizadores de baixa resolução ou de tipo thumbnail para as imagens digitais.
A utilização da imagem fotográfica em outros documentos (postais, livros, jornais, cartazes, camisetas etc.) supõe a definição de outras espécies e formas documentais, onde a informação fotográfica imagética entra como um componente. A confecção de matrizes, fotolitos etc., destinados a cópia de imagens para outros materiais também cria novas formas documentais.

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