domingo, 22 de setembro de 2013

Dupla participação de Bia Kushnir na UnB

Beatriz Kushnir, (ver Lattes aqui) pesquisadora do GPAF e Diretora Diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro estará em Brasília na próxima 4ªf para duas atividades:

1. Participação da banca de relatório intermediário de mestrado da pesquisa "Estruturação de acervos imagéticos e acesso à informação: estudo comparativo de instituições de memória no Chile e na Argentina" de Laila Di Pietro.
Resumo: A preservação da memória, além de um direito humano, é uma obrigação da própria sociedade, que deve se estruturar para organizar e conservar os acervos documentais que garantem esse processo. O documento fotográfico é representativo e possui valor testemunhal. A massa de fotografias sobre as épocas de repressão nos diversos países da América do Sul se constitui como importante elemento de prova de violações dos direitos humanos e condutas de regimes militares, contribuindo para novas narrativas da história nacional. A organização, o tratamento e a preservação destes acervos visam o acesso à memória social, evidenciando os laços identitários. A pesquisa tem como objetivo a análise das estruturas de organização aplicadas a documentos que possuem grande valor histórico e contribuem para o exercício da cidadania e para a construção da memória coletiva e individual. Para a pesquisa, serão adotados os acervos fotográficos de quatro instituições de memória que apresentam diferentes características de acervo, armazenamento e apresentação: Museo de la Memoria y Derechos Humanos (Chile); Fundación Vicaria de La Solidariedad (Chile); Londres 38 (Chile) e Memoria Abierta (Argentina). A organização utilizada pelos centros de informação será analisada a partir de entrevistas coordenadas, visitas ao museu e através das informações disponibilizadas na web, identificando os princípios e técnicas empregados para garantir a manutenção da autenticidade da informação original, além de sua preservação, recuperação, difusão e acesso. 
Palavras-chave: Acervo imagético. Acesso à informação. Arquivologia. Biblioteconomia. Fotografia. Memória.
Dia 25/09/2013 - 15:00hs no Auditório da FCI

2. Palestra para o curso de Arquivologia da UnB:
Experiências profissionais na direção do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Dia 25/09/2013 - 19:00hs no Auditório da FCI

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Registro da visita-debate da turma "Imaginando"


Na sexta-feira, dia 06/set, a turma da disciplina "Imaginando" (Seminários e, organização da informação) da pós-graduação em Ciência da Informação fez uma visita-debate coletiva, à mostra fotográfica "Ausênc_as Brasil" de Gustavo Germano (ver post aqui).

Ausênc_as Brasil estabelece um diálogo entre o passado e o presente, alinhando imagens de militantes políticos mortos e desaparecidos pelas ditaduras Militares do Brasil e da Argentina no seio de seus familiares e as imagens dos familiares registrando suas ausências, destacando a força da afetividade e da memória dos acontecimentos.

Gustavo Germano é um fotógrafo Argentino, ele que foi familiar de detido e desaparecido político. A mostra é rica pela possibilidade da participação dos familiares dos mortos e desaparecidos que abriram seus álbuns fotográficos e se expuseram em sua dor e sofrimento, partilhando com a sociedade suas imagens e de seus entes que se foram. A aula foi muito proveitosa e nos fez refletir, não apenas pelo momento que passaram os atores, mas sobre a possibilidade de interpretação e o sentido da fotografia.


O verdadeiro conteúdo de uma fotografia é invisível.
Porque não deriva de uma relação com a forma, mas
sim com o tempo.
John Berger


Algumas fotos da visita-debate estão disponíveis aqui.


Texto e fotos: Alessandra Araújo

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Imágenes de la resistencia: uma memória social revelada pelo arquivo pessoal de Juan Carlos Cáceres

Fonte: Imágenes de la Resistencia
A imagem acima foi copiada do site Imágenes de la Resistencia (acesse) e faz parte do bloco de fotografias de "protestos populares", um dos diversos álbuns que compilam mais de 3.000 fotografias produzidas durante o regime militar no Chile.

Cáceres, estudante da Universidad Católica de Chile, por curiosidade, ousadia ou visão, agarrou sua máquina fotográfica e produziu um importantíssimo acervo imagético, que imortalizam os atores civis e militares dos longos 17 anos da ditadura chilena. 

O golpe de estado de 1973 deu início ao regime autoritário de Pinochet, que se manteve através das ações do Dirección de Inteligencia Nacional, a DINA, e da aliança político-militar, idealizada pelo Chile, entre os países da América Latina e seus respectivos governos militares, a Operação Condor. Essas e diversas outras iniciativas tornaram possíveis os atos de detenção, tortura, execução e desaparecimento de pessoas. Essa postura de governo contradiz com toda e qualquer determinação de direito do ser humano.

Além da importância inegável das fotografias de Cáceres, a necessidade humana, social e individual de recordar o passado e tentar reparar os danos causados às vítimas e familiares, faz com que seu valor seja imensurável. A organização e descrição do acervo, a última, acredito, realizada pelo próprio fotógrafo, nos permite identificar elementos da fotografia que seriam perdidos caso esse trabalho nunca fosse realizado.

Como exemplo, a fotografia escolhida para esse post, foi titulada por Cáceres:
“En la Plaza de la Constitución fueron exhibidos los autos de los escoltas de Pinochet después que intentaran asesinarlo miembros del FPMR en el Cajon del Maipo.”
Também datada de 9 de setembro de 1986, a fotografia estaria completamente perdida e descontextualizada se chegasse às mãos de alguém que não esteve presente no momento e, pior ainda, se não conhecesse profundamente a história da ditadura chilena. Muito menos saberíamos, hoje, a data exata do documento. 

Juán Carlos Cáceres, conscientemente ou não, nos deixa um arquivo repleto de valor e significado, o que não seria possível sem a preocupação do fotógrafo em recuperar o sentido de suas obras por meio de suas características fundamentais, e proporcionar seu acesso. O projeto se explica:
“Imágenes de la resistencia es un testimonio visual de cómo los actores sociales, en todas sus dimensiones, las figuras políticas de la época, los grupos armados, la resistencia popular, las manifestaciones estudiantiles, todo el cuerpo social contrario al Régimen Militar, fue capaz de aunar sus fuerzas en post de establecer una democracia en nuestro país.”

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Gustavo Germano em Brasília

 

Nesta 6ªf, dia 06/set, às 14:30 a turma da disciplina "Imaginando" (Seminários e, organização da informação) da pós-graduação em Ciência da Informação fará uma visita-debate coletiva, à exposição "Ausencias", de Gustavo Germano, estando os interessados convidados a se integrar ao grupo (veja post aqui para entender o que é essa disciplina).

O artista trabalha com uma mensagem política muito contundente, construía pelo não-uso de elementos visuais; é isso mesmo a força elocutória de sua mensagem está naquilo que não é fotografado. As ausências são evidenciadas por meio de fotos comparativas, como é o caso, para exemplificar, da imagem de duas irmãs, que representa o desaparecimento de uma delas no período ditatorial argentino. Na primeira, em uma foto de arquivo pessoal, ambas posam junto a um vaso de flores, que está sobre um aparador. Na segunda, feita 26 anos depois, repete-se a cena, desta vez somente com a irmã sobrevivente e, detalhe importante, sem as flores; as legendas com ausências ainda contribuem para evidenciar a mensagem (veja as fotos desse exemplo aqui no DigifotoWeb).

Já que na página do Museu Nacional da República (que era para ser Museu Nacional Honestino Guimarães) não há nenhum destaque à exposição de Gustavo Germano (apenas a coloca, sem nenhuma informação na agenda da instituição), fomos buscar na imprensa hermana a nota de divulgação da exposição atual. O blog DigifotoWeb foi, provavelmente, o primeiro veículo brasileiro a por em evidencia o trabalho do fotógrafo argentino, como pode ser visto em post anterior aqui, há exatos três anos e meio. 

A exposição estará aberta à visitação no Museu Nacional da República, em Brasília, até o dia 30/set, de 3ª a Dom, das 09:00hs às 18:30hs.